terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O PREITO DA GRATIDÃO

Quando o sol se despedia do dia, fiéis porteirenses lotavam a frente da Igreja Matriz à espera da santa padroeira 
O sol já se punha quando fieis, dos mais variados recantos do município, desciam à rua José de Alencar em procissão com a imagem da “excelsa padroeira”, como eles mesmos preferem chamá-la, num cortejo que reunia outros santos da Igreja Católica.

Sob o som imponente da fanfarra de Brejo Santo, e guiados pelo pároco, padre José Sampaio, os religiosos, organizados ao lado direito e esquerdo das ruas, acompanhavam, ora com cânticos, ora em silêncio, a passagem da santa, transportada num “carro-andor” ornamentado com flores naturais e forrado com cetim branco, milimetricamente costurado à mão. 

No trajeto, que percorria as principais ruas da cidade, nem cansaço, nem lamúria nos olhos dos peregrinos. Gratidão, apenas. E desejo de elevar preces àquela que tomaram como padroeira. Nas ruas, motoqueiros e motoristas paravam para dar passagem à procissão, enquanto devotos se aglomeravam nas calçadas e nas fachadas das casas. Alguns, menos contidos, deixavam escapar lágrimas. Outros se ocupavam em registrar, em celulares e câmeras fotográficas, o cortejo religioso. 

De volta à matriz, aplausos se formavam em torno da imagem da santa, e fogos de artifício tratavam de fazer as honras finais aos festejos alusivos do tradicional novenário do mês de dezembro, tão aguardado pelos católicos porteirenses quanto a coroação de Nossa Senhora, em maio.

FÉ QUE SUPERA FRIO E LONJURA

Na madrugada da segunda-feira, antes o que a luz do sol descortinasse o dia, numerosos peregrinos (mais de 95 pelas contas do coordenador), se organizavam para a “Caminhada da Fé” até a vizinha Brejo Santo. Nem o frio da madrugada nem lonjura de mais de dezenove quilômetros, quando feito em algum meio de transporte, desanimaram os fiéis.

Enquanto os peregrinos voltavam da caminhada, com o sol dando sinal de sua imponência, perto das 7h30, outros devotos já se dirigiam à Igreja para acompanhar a missa solene prevista para as 9h. Foi preciso chegar cedo, para ficar num lugar que permitisse uma boa visão da celebração. Às 8h, o público superava o número de assentos. Teve quem se aglomerasse nas laterais, pressionados pela quantidade de pessoas. Havia peregrinos dos mais variados recantos do município e até de outras cidades, como Brejo Santo, Jardim e serra do Jamacaru.

Na abertura da cerimônia religiosa, o bispo diocesano, Dom Fernando Panico, convidado pelo pároco, padre José Sampaio, para presidir a missa, acenou, sorriu e ficou entusiasmado ao saber da “caminhada da fé”, a qual chamou de “pequena romaria não tão pequena”. Logo depois, elogiou a resistência dos participantes às intempéries do horário escolhido para a peregrinação.

Em seu pronunciamento, na homilia que durou pouco mais de dezesseis minutos, o bispo voltou a parabenizar a devoção do povo porteirense à Imaculada Conceição. Também pediu aos fiéis que continuassem a “esforçar-se para fazer da vida terrena um grande sinal da presença de Deus, que salva”, ao lembrar que a experiência vivida por Maria, à luz contemporaneidade, significa viver o dia a dia com simplicidade, intensidade de amor e grande humildade.” Não pensem que para sermos cristãos de verdade precisamos fazer grandes coisas. Não. Não. “A grandeza da nossa vida cristã consiste em fazer o bem nas pequenas coisas, de todos os dias”, explicou Dom Panico.

A missa solene também contou com a participação do padre Vileci Vidal e do coral municipal.
Ao meio-dia, uma salva de fogos cobriu a cidade, enquanto o hino de Nossa Senhora era entoado nos alto-falantes da matriz. Voluntários se organizavam para preparar os andores que levariam os santos, à tardinha, na procissão.

Os festejos alusivos a santa padroeira de Porteiras, sentida no “gosto e na devoção do povo”, nas palavras do pároco da cidade, só foram encerrados com a benção do Santíssimo, seguidos de fogos de artifícios, por volta das 19h30, num momento em que os fiéis, comovidos, projetavam, com preces de devoção e gratidão, o futuro.

                                                        



Patrícia Mirelly – Repórter Especial

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